segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Tecnologia

Matéria minha publicada na edição 187, de setembro de 2011, da revista Pesquisa Fapesp.

Agentes da separação
Solventes sustentáveis dissolvem celulose e têm uso amplo na indústria
Evanildo da Silveira

Para muitas pessoas a química é algo que pode ser perigoso. Na opinião popular ela está associada a alimentos industrializados que podem fazer mal, armas de destruição em massa ou poluição. Como reação a essa situação e levando-se em consideração os aspectos ambientais e de produção sustentável, a partir dos anos 1990 começou a se consolidar o conceito de “química verde”. Trata-se do incentivo ao uso de matéria-prima renovável e produtos biodegradáveis para substituir substâncias prejudiciais à saúde humana e ao ambiente. Na Universidade de São Paulo (USP), uma equipe liderada pelo professor Omar El Seoud, do Instituto de Química (IQ), se dedica a levar à frente esses princípios. Com apoio da FAPESP, eles trabalham numa linha de pesquisa que tem como objetivo desenvolver os chamados “solventes verdes”, que causam baixo impacto ambiental e são recicláveis.

São os líquidos iônicos compostos de íons, moléculas ou átomos que ganham ou perdem elétrons durante um processo e por isso possuem carga elétrica diferenciada. Eles constituem uma alternativa aos solventes tradicionais, derivados de petróleo, utilizados na produção de plásticos, tintas, adesivos e detergentes. Os líquidos iônicos proporcionam maior estabilidade química e térmica. Por isso são seguros, não são inflamáveis e não evaporam, o que diminui muito o risco de causar incêndios e explosões. Eles também são relativamente fáceis de obter. “A partir de um composto orgânico nitrogenado, o imidazol, e de elementos comuns, como cloro, bromo e iodo, é possível produzir 144 líquidos iônicos e um grande número de derivados, a maioria com potencial de aplicação”, diz Seoud. “Esse número é impressionante se for comparado à pequena quantidade dos solventes orgânicos voláteis (SOV) derivados do petróleo usados industrialmente.” Existem pelo menos 10 solventes de origem petrolífera produzidos no Brasil. Segundo a Agência Nacional de Petróleo (ANP), em 2010, a produção atingiu 2,4 milhões de metros cúbicos, um mercado que movimenta cerca de R$ 5 bilhões por ano. Ainda principiante no país, o mercado de solventes verdes já movimenta por ano cerca de US$ 3,5 bilhões no mundo com a produção de 5 milhões de toneladas, segundo apurou o jornal Brasil Econômico. A empresa de pesquisa de mercado norte-americana Global Industry Analysts anunciou no ano passado que os solventes verdes tiveram um crescimento médio anual de 4,2% na produção entre 2001 e 2010. Leia mais...

sábado, 5 de novembro de 2011

Matéria para a revista Problemas Brasileiros, edição 406, de set/out de 2011.

A fórmula da boa imagem
Profissionais do setor químico procuram
melhorar reputação de uma ciência mal-amada
EVANILDO DA SILVEIRA


Dentre todas as ciências, sem dúvida a química é a que tem a pior reputação. Para muitas pessoas, ela está associada a armas de destruição em massa, poluição, produtos perigosos ou a alimentos que fazem mal. Sem falar que é o terror dos estudantes, que veem nela uma matéria difícil, cheia de fórmulas e cálculos impossíveis de entender e resolver. Como se não bastasse, ainda perde em popularidade para os grandes projetos e descobertas nas áreas de física, biologia, medicina. Com o objetivo de melhorar a imagem dessa área do conhecimento e ressaltar seu lado “mocinho”, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e a União Internacional de Química Pura e Aplicada (Iupac, na sigla em inglês) estabeleceram 2011 como o Ano Internacional da Química (AIQ). As comemorações incluem uma série de eventos pelo mundo – no Brasil haverá seminários, exposições itinerantes e lançamentos de livros e outras obras.A realização do AIQ começou a ser articulada em 2006, durante uma reunião do Comitê Executivo da Iupac. Dois anos depois, a 63ª Assembleia Geral da ONU estabeleceu que a comemoração deveria ocorrer em 2011. Seu lançamento oficial, com o tema “Química para um Mundo Melhor”, ocorreu no dia 27 de janeiro deste ano, na sede da Unesco, em Paris. No Brasil, o AIQ foi lançado em 23 de março passado, na Academia Brasileira de Ciências (ABC),no Rio de Janeiro. Outros cerca de 60 países também terão uma extensa programação para marcar o AIQ. Os objetivos são semelhantes em todos eles. “A meta é conscientizar a população mundial sobre a importância da química em nossa vida, além de estimular o interesse entre os jovens por essa ciência, fundamental no desenvolvimento sustentável da humanidade”, explica Claudia Rezende, tesoureira da Sociedade Brasileira de Química (SBQ) e coordenadora do evento no Brasil. Leia mais...