terça-feira, 10 de novembro de 2009

Matéria publicada na edição de novembro/dezembro, da Revista Problemas Brasileiros.

Cérebros: fuga e o desafio da volta
Motivação pessoal e condições de trabalho ajudam a repatriar cientistas


EVANILDO DA SILVEIRA
Arte PB
Um dos problemas enfrentados pelas nações em desenvolvimento para progredir economicamente é a chamada fuga de cérebros, a saída para o exterior de mão de obra altamente qualificada, incluindo alguns dos melhores cientistas. A América Latina é campeã nesse tipo de exportação. Dados de um relatório do Sistema Econômico Latino-Americano e do Caribe (Sela), com sede em Caracas, mostram que, entre 1990 e 2007, o total de latino-americanos qualificados que abandonaram seu país subiu, em média, 155%. No caso do Brasil, a alta foi de 246%, a segunda maior, atrás apenas do México, que viu a saída de seus melhores profissionais crescer 270%. Mas nem tudo está perdido. Muitos resolvem voltar, entre os quais pesquisadores que poderiam continuar uma carreira internacional de sucesso, mas preferem retornar para casa e ajudar a desenvolver a ciência em sua própria terra.
Embora não haja dados estatísticos sobre o assunto, não é difícil encontrar quem tenha feito o caminho de volta. Uns vieram há mais tempo, outros recentemente. Hoje, estão espalhados por várias instituições, muitos em cargos de direção, alguns liderando equipes que desenvolvem projetos importantes. Há até quem tenha vindo para ajudar a criar novos centros de pesquisa. Esse é o caso do neurocientista Sidarta Ribeiro, que deixou os Estados Unidos em 2005 para ser diretor científico do Instituto Internacional de Neurociências de Natal Edmond e Lily Safra (IINN-ELS), do qual é cofundador. Leia mais...

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Matéria de minha autoria, publicada na revista Planeta.

O perigo das espécies invasoras
Evanildo da Silveira
Ele veio para ser ingrediente da alta culinária e frequentar a mesa de restaurantes caros. Mas não demorou muito para o caramujo-gigante-africano (Achatina fulica) mostrar seu verdadeiro caráter, de um animal perigoso, que transmite doença. De alternativa econômica ao escargot (Helix aspersa) passou a ser um problema. É uma espécie exótica invasora, que se disseminou pelo litoral brasileiro, colocando em risco animais nativos e causando outros danos ambientais. Mas faça-se justiça, ele não é o único. Centenas de outras espécies de animais e plantas, fungos e microorganismos são consideradas invasoras no Brasil e em outras partes do mundo. Leia mais...

domingo, 18 de outubro de 2009

Matéria minha publicada na edição 164, de outubro 2009, da revista Pesquisa Fapesp.

Querosene vegetal
Na Unicamp pesquisadores desenvolvem
biocombustível de alta pureza para aviões
Evanildo da Silveira

A aviação mundial é responsável por 2% do total de emissões de dióxido de carbono (CO2) produzidas pelo homem, de acordo com a Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês), que reúne 230 companhias aéreas no mundo. Segundo a entidade, 10% do combustível usado em 2017 deverá ser alternativo e contribuir para a redução das emissões. A União Europeia também vai iniciar, em 2010, o monitoramento dos aviões que operam no continente com o intuito de reduzir o problema. Assim, a busca por combustíveis de aviação mais apropriados já começou. Entre as alternativas que podem se tornar realidade nos aeroportos está um biocombustível desenvolvido na Faculdade de Engenharia Química (FEQ), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Para o professor Rubens Maciel Filho, coordenador do projeto, a nova opção para abastecer aviões deverá ser por volta de 30% mais barata na fabricação e muito menos poluente que o querosene de aviação (QAV) tradicional. A equipe de pesquisadores depositou a patente no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) referente ao processo de produção e de purificação de um bioquerosene feito a partir de óleos vegetais que os pesquisadores preferem não revelar a origem. O novo combustível não emite poluentes como enxofre, compostos nitrogenados, hidrocarbonetos ou materiais particulados, como é comum nos combustíveis que têm origem no petróleo, e contribui com o balanço de emissão de dióxido de carbono (CO2), gás que estimula o aquecimento global, por ser um produto de origem renovável. “Trata-se de um bioquerosene de alta pureza, acima de 99,9%”, diz Maciel, que também é um dos coordenadores do Programa de Pesquisa em Bioenergia (Bioen) da FAPESP. Leia mais...

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Abaixo, matéria minha publicada na Revista da Indústria, da Federação das Indústrias do Estado de S. Paulo (Fiesp).

Novos caminhos
Evanildo da Silveira

Com o objetivo de reunir para troca de experiências empresários comprometidos com a construção de uma sociedade melhor, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, realizou, pelo terceiro ano consecutivo, a Mostra Fiesp/Ciesp de Responsabilidade Socioambiental. Durante os três dias do evento, entre 25 e 27 de agosto, mais de 40 empresas de vários setores puderam divulgar os resultados de suas ações e políticas voltadas para a sociedade e para o meio ambiente, além de seus produtos e práticas de responsabilidade socioambiental.
Com o tema geral A Revolução Industrial, Econômica, Ambiental, Social e Política no Pós-crise Mundial, a Mostra foi dividida em três eixos temáticos: Nova Economia, Meio Ambiente e Sustentabilidade. Pela primeira vez, o evento ocorreu no prédio da Fiesp, na Avenida Paulista – as duas edições anteriores foram feitas no Pavilhão da Bienal, no Parque do Ibirapuera – por onde passaram em torno de 1.500 pessoas por dia. “A Mostra é um espaço que propicia a demonstração, discussão e divulgação de novos modelos de gestão”, explicou Eliane Belfort, coordenadora do Comitê de Responsabilidade Social (Cores), da Fiesp, responsável pela organização do evento. “Modelos de gestão que aliem o desenvolvimento econômico, com a inclusão social e o equilíbrio ambiental.”
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domingo, 27 de setembro de 2009

Neste post, uma matéria minha publicada na edição 445 (outubro, 2009), da revista Planeta. Ainda não está no site da revista, mas arquivei, em PDF, no Google Docs.

AS DUAS AMAZÔNIAS
Uma real, a outra fantasia

Motosserras, fogo, tratores, soja, patas de bois, asfalto, desconhecimento, falta de investimentos. Os problemas da Amazônia são muitos. Mas, paradoxalmente, poucas regiões do planeta têm tanta simpatia e tantos defensores. Ao redor do mundo, dezenas de reuniões, seminários, congressos e eventos são realizados sobre a maior floresta tropical do mundo, a Amazônia. E aí está outro problema. A maior parte dessas discussões é feita além das fronteiras da região, por pessoas que não vivem lá. Para piorar, o próprio Estado brasileiro não tem uma política clara para aquele vasto território.
Quem é da região considera que toda essa discussão já deu o que tinha de dar e não leva a nada. “Estou cansado da Amazônia”, diz o presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas (Fapeam), Odenildo Sena. “Para ser mais preciso, confesso-me cansado da interminável dízima periódica que reverbera esse nome em meus ouvidos. Para ser mais objetivo ainda, tornei-me intolerante com o uso em vão do nome Amazônia, sempre associado à condição de região estratégica para o Brasil e o mundo.” Leia mais...
Neste post, uma matéria publicada na edição 445 (outubro, 2009), da revista Planeta. Ainda não está no site da revista, mas arquivei, em PDF, no Google Docs.

AS DUAS AMAZÔNIAS

Uma real, a outra fantasia

Motosserras, fogo, tratores, soja, patas de bois, asfalto, desconhecimento, falta de investimentos. Os problemas da Amazônia são muitos. Mas, paradoxalmente, poucas regiões do planeta têm tanta simpatia e tantos defensores. Ao redor do mundo, dezenas de reuniões, seminários, congressos e eventos são realizados sobre a maior floresta tropical do mundo, a Amazônia. E aí está outro problema. A maior parte dessas discussões é feita além das fronteiras da região, por pessoas que não vivem lá. Para piorar, o próprio Estado brasileiro não tem uma política clara para aquele vasto território.

Quem é da região considera que toda essa discussão já deu o que tinha de dar e não leva a nada. “Estou cansado da Amazônia”, diz o presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas (Fapeam), Odenildo Sena. “Para ser mais preciso,

confesso-me cansado da interminável dízima periódica que reverbera esse nome em meus ouvidos. Para ser mais objetivo ainda, tornei-me intolerante com o uso em vão do nome Amazônia, sempre associado à condição de região estratégica para o Brasil e o mundo.”


terça-feira, 15 de setembro de 2009

Matéria minha publicada na Revista Problemas Brasileiros:

Evolução, nova era para a biologia

Há 200 anos nascia Charles Darwin,
cuja teoria revolucionou o estudo dos seres vivos

EVANILDO DA SILVEIRA

"Nada em biologia faz sentido a não ser sob a luz da evolução." Essa frase do biólogo e geneticista ucraniano Theodosius Dobzhansky (1900-1975) dá bem a medida da importância da teoria da evolução das espécies. Elaborada pelo naturalista britânico Charles Darwin, ela é tema central de seu livro A Origem das Espécies, cujo lançamento completa 150 anos no dia 24 de novembro – em 2009 também se comemoram os 200 anos de nascimento do cientista. A obra foi devastadora para a crença de que o ser humano teria origem sobrenatural e ocuparia um lugar especial na história da vida sobre a Terra. Ao contrário, o naturalista demonstrou que todos os seres vivos, dos mais simples aos mais complexos, incluindo o homem, descendem de um ancestral comum e, portanto, são parentes entre si.
Foi uma revolução. "O livro abriu uma nova era para a biologia e para a humanidade", explica a professora de biogeografia Claudia Helena Tagliaro, da Universidade Federal do Pará (UFPA). "A partir dali foi possível entender que todos os seres vivos fazem parte de uma mesma grande árvore ramificada." De acordo com o professor de filosofia Gustavo Caponi, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), "a obra de Darwin assentou as bases para uma reconstrução científica da história da vida. Com ele, surgiu uma ciência onde antes havia somente espaço para especulação." Leia mais...



História da Ciência

Evolução, nova era para a biologia

Há 200 anos nascia Charles Darwin, cuja teoria

revolucionou o estudo dos seres vivos


EVANILDO DA SILVEIRA

"Nada em biologia faz sentido a não ser sob a luz da evolução." Essa frase do biólogo e geneticista ucraniano Theodosius Dobzhansky (1900-1975) dá bem a medida da importância da teoria da evolução das espécies. Elaborada pelo naturalista britânico Charles Darwin, ela é tema central de seu livro A Origem das Espécies, cujo lançamento completa 150 anos no dia 24 de novembro – em 2009 também se comemoram os 200 anos de nascimento do cientista. A obra foi devastadora para a crença de que o ser humano teria origem sobrenatural e ocuparia um lugar especial na história da vida sobre a Terra. Ao contrário, o naturalista demonstrou que todos os seres vivos, dos mais simples aos mais complexos, incluindo o homem, descendem de um ancestral comum e, portanto, são parentes entre si.

Foi uma revolução. "O livro abriu uma nova era para a biologia e para a humanidade", explica a professora de biogeografia Claudia Helena Tagliaro, da Universidade Federal do Pará (UFPA). "A partir dali foi possível entender que todos os seres vivos fazem parte de uma mesma grande árvore ramificada." De acordo com o professor de filosofia Gustavo Caponi, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), "a obra de Darwin assentou as bases para uma reconstrução científica da história da vida. Com ele, surgiu uma ciência onde antes havia somente espaço para especulação."

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Matéria minha publicada na Revista Problemas Brasileiros:
Pesquisa brasileira
no continente gelado
Apesar das dificuldades, o país marca presença na Antártida

EVANILDO DA SILVEIRA


A crescente preocupação com o meio ambiente tem despertado a atenção do mundo para um continente distante, deserto e frio. Embora abrigue apenas 80 mil habitantes temporários, a maioria pesquisadores, a Antártida poderá ser decisiva para o futuro da humanidade. Se o aquecimento global que o planeta começa a viver levar ao derretimento de todo o seu gelo, o nível dos oceanos poderá subir até 60 metros, o que tornaria a vida do homem na Terra bem mais difícil. Mas não é preciso que essa catástrofe ocorra – e é pouco provável que venha a acontecer de fato – para que se constate a importância dessa região. Ela tem papel fundamental nas correntes marítimas e no clima de todo o mundo, que por sua vez influenciam, por exemplo, a riqueza marinha e o desempenho agrícola.
São 14 milhões de km2 de terra – uma vez e meia a área do Brasil – quase totalmente cobertos por uma camada de gelo de 2,1 km de espessura em média (mas que em alguns pontos pode chegar a quase 5 km), e mais 20 milhões de km2 de mar congelado no inverno e 1,6 milhão no verão. "Essa imensidão gelada é um dos principais controladores do sistema climático terrestre e do nível dos mares, além de arquivar em suas camadas a evolução e eventos da atmosfera do planeta, bem como o registro da poluição causada pelo homem no último século", diz o glaciólogo Jefferson Cardia Simões, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), experiente pesquisador das paragens geladas do pólo sul. "Saber como o ambiente antártico afeta o Brasil é tão importante quanto estudar a Amazônia", diz ele. Leia mais...

Matéria minha publicada na Revista Problemas Brasileiros:

Pesquisa brasileira no continente gelado

Apesar das dificuldades, o país marca presença na Antártida

EVANILDO DA SILVEIRA

A crescente preocupação com o meio ambiente tem despertado a atenção do mundo para um continente distante, deserto e frio. Embora abrigue apenas 80 mil habitantes temporários, a maioria pesquisadores, a Antártida poderá ser decisiva para o futuro da humanidade. Se o aquecimento global que o planeta começa a viver levar ao derretimento de todo o seu gelo, o nível dos oceanos poderá subir até 60 metros, o que tornaria a vida do homem na Terra bem mais difícil. Mas não é preciso que essa catástrofe ocorra – e é pouco provável que venha a acontecer de fato – para que se constate a importância dessa região. Ela tem papel fundamental nas correntes marítimas e no clima de todo o mundo, que por sua vez influenciam, por exemplo, a riqueza marinha e o desempenho agrícola.

São 14 milhões de km2 de terra – uma vez e meia a área do Brasil – quase totalmente cobertos por uma camada de gelo de 2,1 km de espessura em média (mas que em alguns pontos pode chegar a quase 5 km), e mais 20 milhões de km2 de mar congelado no inverno e 1,6 milhão no verão. "Essa imensidão gelada é um dos principais controladores do sistema climático terrestre e do nível dos mares, além de arquivar em suas camadas a evolução e eventos da atmosfera do planeta, bem como o registro da poluição causada pelo homem no último século", diz o glaciólogo Jefferson Cardia Simões, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), experiente pesquisador das paragens geladas do pólo sul. "Saber como o ambiente antártico afeta o Brasil é tão importante quanto estudar a Amazônia", diz ele.

Matéria minha publicada na Revista Problemas Brasileiros:

Pesquisa brasileira no continente gelado

Apesar das dificuldades, o país marca presença na Antártida

EVANILDO DA SILVEIRA

A crescente preocupação com o meio ambiente tem despertado a atenção do mundo para um continente distante, deserto e frio. Embora abrigue apenas 80 mil habitantes temporários, a maioria pesquisadores, a Antártida poderá ser decisiva para o futuro da humanidade. Se o aquecimento global que o planeta começa a viver levar ao derretimento de todo o seu gelo, o nível dos oceanos poderá subir até 60 metros, o que tornaria a vida do homem na Terra bem mais difícil. Mas não é preciso que essa catástrofe ocorra – e é pouco provável que venha a acontecer de fato – para que se constate a importância dessa região. Ela tem papel fundamental nas correntes marítimas e no clima de todo o mundo, que por sua vez influenciam, por exemplo, a riqueza marinha e o desempenho agrícola.

São 14 milhões de km2 de terra – uma vez e meia a área do Brasil – quase totalmente cobertos por uma camada de gelo de 2,1 km de espessura em média (mas que em alguns pontos pode chegar a quase 5 km), e mais 20 milhões de km2 de mar congelado no inverno e 1,6 milhão no verão. "Essa imensidão gelada é um dos principais controladores do sistema climático terrestre e do nível dos mares, além de arquivar em suas camadas a evolução e eventos da atmosfera do planeta, bem como o registro da poluição causada pelo homem no último século", diz o glaciólogo Jefferson Cardia Simões, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), experiente pesquisador das paragens geladas do pólo sul. "Saber como o ambiente antártico afeta o Brasil é tão importante quanto estudar a Amazônia", diz ele.


domingo, 12 de julho de 2009

Mais uma matéria minha para a Revista Problemas Brasileiros.
Pesquisa séria até debaixo d’água
Novas tecnologias favorecem descobertas arqueológicas subaquáticas
EVANILDO DA SILVEIRA
Documentos escritos não são os únicos registros com os quais se pode contar a história da humanidade sobre a Terra. Os resquícios materiais da atividade humana deixados por todos os povos que já viveram em diferentes cantos do planeta também são testemunhos de civilizações passadas. São esses os objetos de pesquisa da arqueologia. Nem sempre, no entanto, eles são encontrados em terra firme. Muitos podem estar, por diversos motivos, submersos nos oceanos, lagos e rios. Para estudá-los é necessário ir até o fundo das águas. Não é trabalho para amadores. É preciso saber mergulhar e ser arqueólogo ao mesmo tempo – requisitos preenchidos por profissionais de uma carreira recente, a arqueologia subaquática. Leia mais...

Pesquisa séria até debaixo d’água

Novas tecnologias favorecem descobertas arqueológicas subaquáticas

EVANILDO DA SILVEIRA

Documentos escritos não são os únicos registros com os quais se pode contar a história da humanidade sobre a Terra. Os resquícios materiais da atividade humana deixados por todos os povos que já viveram em diferentes cantos do planeta também são testemunhos de civilizações passadas. São esses os objetos de pesquisa da arqueologia. Nem sempre, no entanto, eles são encontrados em terra firme. Muitos podem estar, por diversos motivos, submersos nos oceanos, lagos e rios. Para estudá-los é necessário ir até o fundo das águas. Não é trabalho para amadores. É preciso saber mergulhar e ser arqueólogo ao mesmo tempo – requisitos preenchidos por profissionais de uma carreira recente, a arqueologia subaquática.

Pesquisa séria até debaixo d’água

Novas tecnologias favorecem descobertas arqueológicas subaquáticas

EVANILDO DA SILVEIRA

Documentos escritos não são os únicos registros com os quais se pode contar a história da humanidade sobre a Terra. Os resquícios materiais da atividade humana deixados por todos os povos que já viveram em diferentes cantos do planeta também são testemunhos de civilizações passadas. São esses os objetos de pesquisa da arqueologia. Nem sempre, no entanto, eles são encontrados em terra firme. Muitos podem estar, por diversos motivos, submersos nos oceanos, lagos e rios. Para estudá-los é necessário ir até o fundo das águas. Não é trabalho para amadores. É preciso saber mergulhar e ser arqueólogo ao mesmo tempo – requisitos preenchidos por profissionais de uma carreira recente, a arqueologia subaquática.

Neste post, minha mais recente matéria para a revista Pesquisa Fapesp.
Marcador colorido
Materiais luminescentes garantem autenticidade a cédulas e documentos

Terras rarasCédulas de dinheiro cobertas por películas de polímero extremamente finas e translúcidas podem se tornar uma solução avançada para garantir a autenticidade da moeda de um país. Ao ser iluminada com luz ultravioleta, por exemplo, a nota emite como resposta uma luz vermelha comprovando a veracidade do papel-moeda. Esse recurso tecnológico que pode ser estendido para outros produtos passíveis de falsificação, como passaportes, carteiras de identidade e de habilitação, além de documentos oficiais, está em processo de patenteamento pela Agência USP de Inovação, que administra as patentes Universidade de São Paulo. O grupo de inventores tem à frente o químico Hermi Felinto de Brito, professor do Instituto de Química da USP, que desde a década de 1980 trabalha com os elementos químicos chamados de terras-raras, matéria--prima que faz parte dessas películas poliméricas. Leia mais...

sábado, 11 de julho de 2009

Língua Portuguesa

A matéria abaixo foi publicada no Jornal da Unesp, por ocasião da votação do projeto de lei de autoria do deputado federal Aldo Rabelo (PCdoB), que proibia palavras estrangeiras no Brasil.
Do you habla portoghese?
Evanildo da Silveira

Torre de Babel
Em tempos difíceis, como estes em que vivemos, com dinheiro escasso, o que todo mundo procura, quando vai a shoppings centers, são produtos em sale, onde se podem encontrar preços 50% off. Se a loja tiver serviços delivery, melhor ainda: será simplesmente the best. Pode-se esperar tranqüilamente, em casa, pela chegada de um motoboy ou de uma van com as compras. Há ainda os acomodados que, para evitar o estresse (do inglês stress) causado pelo corre-corre nas lojas, preferem fazer as compras on line, pela internet. O pagamento pode ser feito com cartão ou dinheiro, sacado nas máquinas do personal banking do, acredite, Banco do Brasil. Leia mais...

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Entrevista

Terapia gênica

Há algum tempo, entrevistei o farmacêutico, Célio Lopes Silva, para a revista Biotecnologia, Ciência & Desenvolvimento. O assunto principal da entrevista foi terapia gênica e o trabalho dele no desenvolvimento de uma vacina inovadora para a tuberculose. Silva professor titular da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP), da Universidade de São Paulo (USP). Silva, 47 anos, é farmacêutico, graduado pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP, em 1976. Fez mestrado e doutorado na área de Bioquímica no Instituto de Química da USP, livre-docência em microbiologia médica na FMRP-USP e pós-doutoramento em imunologia e biologia molecular no National Institute for Medical Research, na Inglaterra, entre 1989 e 1990. Entre outros cargos que exerceu, foi chefe do Departamento de Parasitologia, Microbiologia e Imunologia da FMRP-USP, entre 1994 e1998. Para ler a entrevista na íntegra, clique aqui.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Motosserra

Minha preocupação com as questões ambientiais, principalmente com a Amazônia, vem de longe, como atesta esta matéria publicada em O Estado de S. Paulo, em agosto de 2004.
Desmatamento destrói também
conhecimento tradicional
Evanildo da Silveira
Foto: Ana Catarina
O avanço das motosserras floresta adentro na Amazônia não só derruba árvores. Com as plantas, se perde o conhecimento sobre elas, principalmente as que têm propriedades medicinais. A constatação é de pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que compararam dois estudos, um feito em 1984 e outro em 2001, sobre o uso de plantas medicinais, em especial as usadas contra a malária, pela população do sul do Pará. Leia mais...

terça-feira, 30 de junho de 2009

Os novos Galileus, em busca da verdade

Quatro séculos depois do primeiro telescópio,
os homens continuam fascinados pelas estrelas

EVANILDO DA SILVEIRA

Foto: Augusto Damineli
Desde 30 de novembro de 1609 a humanidade nunca mais olhou o céu como antes. Nas primeiras horas da noite daquela segunda-feira sem nuvens em Pádua, na Itália, os astros ficaram mais próximos da Terra. Nessa data, Galileu Galilei (1564-1642) fez sua primeira observação astronômica a olho armado documentada. Usando um pequeno telescópio, feito por ele mesmo, ele observou a Lua crescente. Hoje, depois de o homem ter pisado no solo lunar, parece pouco. Mas foi uma verdadeira revolução científica. No mesmo ano, o alemão Johannes Kepler (1571-1630) publicou seu livro Astronomia Nova, no qual formulava as leis dos movimentos planetários, demonstrando que, ao contrário do que se acreditava, as órbitas dos planetas em torno do Sol são elípticas e não circulares. Para marcar os 400 anos desses feitos científicos, a Organização das Nações Unidas (ONU) proclamou 2009 o Ano Internacional da Astronomia (IYA, na sigla do nome em inglês). Leia mais, na revista Problemas Brasileiros, onde a matéria foi publicada originalmente. Na foto acima, o telescópio Soar, no Chile, do qual o Brasil é sócio majoritário. Leia mais...
Antes de Colombo

Chegada do homem ao território americano
é alvo de pesquisas e polêmica

EVANILDO DA SILVEIRA
Foto: Evanildo da Silveira
Ao desembarcar na praia de uma ilha do Caribe, numa manhã ensolarada de uma sexta-feira, dia 12 de outubro de 1492, Cristóvão Colombo foi recebido por um povo amistoso, os tainos, que ele estava convencido serem indianos. O navegador genovês a serviço da Espanha não sabia, mas sua chegada marcou, na verdade, o reencontro de duas linhagens evolutivas do Homo sapiens, que estavam separadas havia pelo menos 50 mil anos, a sua própria, europeia, e a dos americanos de então, mongoloides, aparentados com os povos asiáticos. Desde então, persiste o mistério: como as populações encontradas por Colombo chegaram a este novo mundo descoberto por ele, mais tarde batizado de América? Dois trabalhos recentes de pesquisadores brasileiros (um livro e um artigo científico) são uma tentativa de responder, pelo menos em parte, a essa questão.
As duas respostas não convergem, no entanto. Na verdade, elas aumentam a controvérsia que cerca o assunto há muito tempo. No livro O Povo de Luzia – Em Busca dos Primeiros Americanos, seus autores, o bioantropólogo Walter Alves Neves e o geógrafo Luís Beethoven Piló, ambos da Universidade de São Paulo (USP), apresentam sua teoria para a chegada do homem à América. Eles a chamam de Dois Componentes Biológicos Principais, porque, segundo essa tese, houve duas levas migratórias iniciais, a primeira há 14 mil anos e a segunda há 11 mil, vindas da Ásia pelo estreito de Bering. A mais remota seria composta por uma população com traços que lembram os dos africanos e aborígines australianos. "A segunda era de mongoloides, semelhantes aos asiáticos e índios americanos atuais", explica Neves.
Leia mais...
Antes de Colombo

Chegada do homem ao território americano


é alvo de pesquisas e polêmica

EVANILDO DA SILVEIRA


Foto: Evanildo da Silveira


Ao desembarcar na praia de uma ilha do Caribe, numa manhã ensolarada de uma sexta-feira, dia 12 de outubro de 1492, Cristóvão Colombo foi recebido por um povo amistoso, os tainos, que ele estava convencido serem indianos. O navegador genovês a serviço da Espanha não sabia, mas sua chegada marcou, na verdade, o reencontro de duas linhagens evolutivas do Homo sapiens, que estavam separadas havia pelo menos 50 mil anos, a sua própria, europeia, e a dos americanos de então, mongoloides, aparentados com os povos asiáticos. Desde então, persiste o mistério: como as populações encontradas por Colombo chegaram a este novo mundo descoberto por ele, mais tarde batizado de América? Dois trabalhos recentes de pesquisadores brasileiros (um livro e um artigo científico) são uma tentativa de responder, pelo menos em parte, a essa questão.
As duas respostas não convergem, no entanto. Na verdade, elas aumentam a controvérsia que cerca o assunto há muito tempo. No livro O Povo de Luzia – Em Busca dos Primeiros Americanos, seus autores, o bioantropólogo Walter Alves Neves e o geógrafo Luís Beethoven Piló, ambos da Universidade de São Paulo (USP), apresentam sua teoria para a chegada do homem à América. Eles a chamam de Dois Componentes Biológicos Principais, porque, segundo essa tese, houve duas levas migratórias iniciais, a primeira há 14 mil anos e a segunda há 11 mil, vindas da Ásia pelo estreito de Bering. A mais remota seria composta por uma população com traços que lembram os dos africanos e aborígines australianos. "A segunda era de mongoloides, semelhantes aos asiáticos e índios americanos atuais", explica Neves.
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Antes de Colombo

Chegada do homem ao território americano é alvo de pesquisas e polêmica
EVANILDO DA SILVEIRA




Ao desembarcar na praia de uma ilha do Caribe, numa manhã ensolarada de uma sexta-feira, dia 12 de outubro de 1492, Cristóvão Colombo foi recebido por um povo amistoso, os tainos, que ele estava convencido serem indianos. O navegador genovês a serviço da Espanha não sabia, mas sua chegada marcou, na verdade, o reencontro de duas linhagens evolutivas do Homo sapiens, que estavam separadas havia pelo menos 50 mil anos, a sua própria, europeia, e a dos americanos de então, mongoloides, aparentados com os povos asiáticos. Desde então, persiste o mistério: como as populações encontradas por Colombo chegaram a este novo mundo descoberto por ele, mais tarde batizado de América? Dois trabalhos recentes de pesquisadores brasileiros (um livro e um artigo científico) são uma tentativa de responder, pelo menos em parte, a essa questão.


As duas respostas não convergem, no entanto. Na verdade, elas aumentam a controvérsia que cerca o assunto há muito tempo. No livro O Povo de Luzia – Em Busca dos Primeiros Americanos, seus autores, o bioantropólogo Walter Alves Neves e o geógrafo Luís Beethoven Piló, ambos da Universidade de São Paulo (USP), apresentam sua teoria para a chegada do homem à América. Eles a chamam de Dois Componentes Biológicos Principais, porque, segundo essa tese, houve duas levas migratórias iniciais, a primeira há 14 mil anos e a segunda há 11 mil, vindas da Ásia pelo estreito de Bering. A mais remota seria composta por uma população com traços que lembram os dos africanos e aborígines australianos. "A segunda era de mongoloides, semelhantes aos asiáticos e índios americanos atuais", explica Neves. Leia mais...

terça-feira, 28 de abril de 2009

Peste branca

Apesar dos avanços da medicina e da indústria farmacêutica, muitas doenças que já poderiam ter sido erradicadas do planeta ainda resistem, matando milhões de pessoas. Entre elas, merece destaque a tuberculose, conhecida há seis mil anos e curável pelo menos há 60. Mesmo assim, mata 1,7 milhão de pessoas a cada ano no mundo, das quais cinco mil no Brasil. Essas e outras informações estão numa matéria que fiz para a Revista Problemas Brasileiros, bem como um pouco da história dessa doença e os avanços no seu tratamento.

Tuberculose: um bacilo invencível?

A cura existe há mais de 60 anos, mas a "peste branca" resiste às tentativas de controle

EVANILDO DA SILVEIRA

Com registros de existência que datam de cerca de 6 mil anos e cura conhecida há mais de 60, a tuberculose continua a ser, até hoje, um grave problema de saúde pública em muitos países e a doença infecciosa que mais mata no planeta. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), um terço da humanidade está contaminado e, desses 2 bilhões de pessoas, a cada ano 9 milhões desenvolverão a doença e 1,7 milhão morrerão – em outras palavras, um indivíduo a cada 18,5 segundos. No Brasil, apesar de os números virem caindo discretamente, estima-se que haja 60 milhões de contaminados, com 110 mil novos casos e 5 mil mortes por ano. Diante desse quadro, autoridades de saúde do mundo todo, lideradas pela OMS, vêm lutando para controlar e debelar o avanço da enfermidade. Leia mais...

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Boa notícia

Boa notícia para quem gosta de ciência e quer vê-la bem divulgada para que mais gente passe a gostar dela. Surgiu há pouco um portal, que abriga vários blogs científicos. Veja abaixo matéria interessante sobre o assunto que foi publicado no site Ciência Hoje Online.

Unidos, venceremos!
Reportagem destaca expansão sem precedentes dos blogs sobre ciência do Brasil

A blogosfera científica brasileira acaba de ganhar um impulso que tem tudo para aumentar sua visibilidade e credibilidade. Foi criado no fim de março o portal
ScienceBlogs Brasil (SBB), versão nacional do maior condomínio de blogs de ciência do mundo. A iniciativa confirma o potencial dos blogs brasileiros sobre ciência, que ainda enfrentam obstáculos, mas vivem um momento de expansão sem precedentes.
A filial brasileira do Science Blogs foi criada a partir de uma iniciativa similar existente anteriormente – o Lablogatórios, criado pelos biólogos Carlos Hotta e Átila Iamarino, agora responsáveis por gerenciar a comunidade de blogueiros do SBB. Apesar de sua vida curta – o portal foi lançado em 2008 –,o Lablogatórios chegou a reunir cerca de 20 páginas e aumentou bastante o número de visitantes de cada uma. Leia mais...

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Entrevista

O Brasil não sabe o que fazer da Amazônia

Biólogo Charles Clement, do Inpa
O biólogo norte-americano Charles Clement, Pesquisador do Departamento de Ciências Agronômicas do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), há 28 anos no país, não tem dúvida: o Brasil são sabe o que fazer da Amazônia. “Os discursos são desencontrados”, diz. “Existem muitos discursos sobre desenvolvimento sustentável por parte de dirigentes em todos os níveis hierárquicos dos governos federal e estaduais, mas estes dirigentes raramente chegam a definir o que é este tal de desenvolvimento sustentável nas suas visões.” Para superar isso, ele diz que o primeiro passo é definir que modelo de desenvolvimento é o mais apropriado para a região. Na entrevista abaixo, exclusiva ao blog, ele esclarece e amplia essas idéias.
O Brasil sabe o que quer com a Amazônia, o que quer da Amazônia?
Estas são duas perguntas distintas, mas curiosamente relacionadas. A primeira é o que o Brasil quer com a Amazônia? Como mostramos no artigo, publicado na revista T&C Amazônia, acreditamos que o Brasil não sabe o que quer com a Amazônia. Os discursos são desencontrados. Existem muitos discursos sobre desenvolvimento sustentável por parte de dirigentes em todos os níveis hierárquicos dos governos federal e estaduais, mas estes dirigentes raramente chegam a definir o que é este tal de desenvolvimento sustentável nas suas visões. Ao mesmo tempo, existem muitos investimentos em desenvolvimento convencional, alguns com lindos discursos sobre desenvolvimento sustentável. O desencontro gera avanços na mesma direção de sempre: desmatamento, destruição de recursos naturais, índices de desenvolvimento humano que são uma vergonha. A segunda pergunta, é o que o Brasil quer da Amazônia? Esta é fácil de responder: recursos naturais. A implicação é que a Amazônia é tratada como colônia – igualzinho como na época dos Portugueses. Leia mais...

segunda-feira, 30 de março de 2009

Amazônia, para que serve?

O Brasil precisa decidir o quer fazer com a Amazônia, preservar a floresta em pé ou transformá-la área de pastagens e agricultura. E, quem sabe, no futuro, uma imensa savana ou até mesmo um deserto. Apesar de se falar muito na região e dos inúmeros planos e projetos para ela, a verdade é que o país ainda não tem uma política definida para aquela imensa área, que ocupa mais da metade de seu território. Com mais de 5 milhões de quilômetros quadrados, ou cerca de 60% do território nacional, a Amazônia Legal é uma vasta região ainda a espera de um modelo de desenvolvimento. Séculos depois de ter rompido a linha do Tratado de Tordesilhas e conquistado aquele território, o Brasil ainda não sabe exatamente o que quer dele. O quase consenso é a idéia de que a região detém uma enorme riqueza. Não são poucas as pessoas, no Brasil e no exterior, que estão convencidas de que, na imensidão da floresta amazônica, onde se abriga a maior biodiversidade do mundo, se esconde a cura de doenças como a aids e o câncer, além de outras riquezas, como minerais, madeira e água.
Pode até ser, mas para chegar a esse ouro verde, conhecer e usufruir o que hoje é apenas riqueza potencial, é preciso muito trabalho duro e investimento em pesquisas. Mais do que isso: antes de pensar em tirar proveito das potencialidades da região, o Brasil tem que decidir o que quer da Amazônia. Para o biólogo americano Charles Clement, do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (
Inpa), há 28 anos no Brasil, é preciso definir qual é o modelo de desenvolvimento mais apropriado para a região. “É com a floresta em pé ou com campos agrícolas, plantação de soja, criação de gado ou exploração da madeira?”, indaga. “Se for com a floresta em pé é preciso investir muito mais em pesquisa do que se investe hoje.”
Leia mais aqui, na matéria de capa da edição 377 que escrevi para Revista Problemas Brasileiros.
Nos próximos dias este blog vai discutir esta questão.

terça-feira, 24 de março de 2009

Médico virtual

Quem já não pesquisou na internet sobre doenças ou algum problema de saúde pelo qual estivesse passando? Eu, por exemplo, sou useiro e vezeiro em fazer isso. Acho que a informação sobre uma eventual doença pode me tranqüilizar ou, no mínimo, chegar mais preparado ao médico. Claro que pode ocorrer o contrário, e o resultado da pesquisa me deixar mais apavorado ainda, me convencendo de que estou com o pé na cova. Pois este tipo de atitude – buscar informações sobre doenças na internet – é muito comum. Tanto que já chamou a atenção de vários pesquisadores da área médica. Um exemplo recente vem das médicas Helena Beatriz da Rocha Garbin e Maria Cristina Rodrigues Guilam e do historiador André de Faria Pereira Neto, todos da Fiocruz. Eles fizeram uma pesquisa bibliográfica, analisando 15 artigos publicados entre 1997 e 2006 nos periódicos britânicos Social Science and Medicine e Sociology of Health & Illness sobre o que eles chamam de “pacientes experts”. Os três concluíram que os autores dos artigos analisados se dividem em três grupos: aqueles que acreditam que pacientes melhor informados valorizam o papel do médico; os que pensam o contrário, isto é, que o levam à “desprofissionalização”; e aqueles que não têm posição consolidada, que pensam que o fenômeno é um desafio para os profissionais da medicina. É uma boa discussão. O artigo A internet, o paciente expert e a prática médica: uma análise bibliográfica, dos três pesquisadores da Fiocruz, pode ser lido na íntegra aqui.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Dos rios para a atmosfera

Abaixo, mais uma matéria minha publicada na revista Pesquisa Fapesp, dessa vez na edição de janeiro de 2009.

As águas e o ar
Rios da Amazônia liberam 1% do gás carbônico
emitido pelas atividades humanas no planeta

Evanildo da Silveira
© Fabio Colombini

Por muito tempo se acreditou que a Floresta Amazônica fosse o pulmão do mundo e um imenso sumidouro de gás carbônico, associado ao aumento da temperatura do planeta. Estudos recentes, porém, indicam que a vegetação amazônica consome sim mais carbono do que emite, mas não na proporção que se imaginava. Pesquisas do Experimento de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia (LBA), projeto internacional que envolve mais de 300 pesquisadores da América Latina, dos Estados Unidos e da Europa sob a liderança brasileira, demonstraram que ela absorve por ano apenas duas toneladas de carbono por hectare a mais do que libera para o ar (ver Pesquisa FAPESP nº 72). E esse valor pode ser ainda menor – ou até mesmo zero. É que nele não está computado o gás carbônico liberado pelos rios da Amazônia, que concentram 20% das reservas de água doce do mundo. Leia mais...


terça-feira, 17 de março de 2009

Relações perigosas

Todas as semanas recebo por e-mail os releases da Fiocruz, com notícias e sugestões de pauta sobre as pesquisas realizadas pelos seus cientistas. Fuçando no site da instituição, encontrei um pequeno texto escrito pela minha amiga, Marinilda Carvalho, com quem trabalhei no Jornal do Brasil, no final dos anos 80, e desde então não vi mais. Continua competente como sempre. O texto é, na verdade, uma introdução para um artigo interessante da patologista Marcia Angell, catedrática do Departamento de Medicina Social da Harvard Medical School. Com a palavra, Marinilda:

Artigo classifica de corruptas relações entre
pesquisadores e companhias farmacêuticas

Marinilda Carvalho

Marcia Angell, da Harvard Medical School
A patologista Marcia Angell é catedrática do Departamento de Medicina Social da Harvard Medical School. Trabalhou por 20 anos na New England Journal of Medicine, que deixou em 2000, quando era editora-chefe. Seu último livro, de 2004, saiu no Brasil em 2007 (A verdade sobre os laboratórios farmacêuticos, Record). Na edição de 15 de janeiro da The New York Review of Books (www.nybooks.com/articles/22237) ela assina o artigo Drug Companies & Doctors: A Story of Corruption, no qual comenta três livros recentes sobre as relações entre companhias farmacêuticas e pesquisadores — relações corruptas, em sua opinião.

A Radis traduziu o artigo (que pode ser lido aqui na íntegra) — seu resumo está publicado abaixo — e o submeteu aos bioeticistas brasileiros Volnei Garrafa e Sergio Rego, para comentários sobre as graves denúncias da autora e sua eventual pertinência à situação brasileira. Leia mais...
P.S. meu: Mais informações sobre o livro A verdade sobre os laboratórios farmacêuticos você encontra aqui.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Em perigo

Vistos como bichos asquerosos, sapos, rãs e pererecas não despertam a mesma simpatia que os micos-leões-dourados e as ararinhas-azuis. Talvez por isso, quase não existam campanhas pela preservação desses animais. E bem que eles estão precisando. Muitas espécies de anfíbios estão desaparecendo da face da Terra. As causas ainda não estão bem claras. Para saber um pouco mais sobre este problema, leia a reportagem, que escrevi para a Revista Problemas Brasileiros. Apesar de ter sido publicada na edição de julho/agosto de 2006, continua atual.

Rumo à extinção

Anfíbios, ameaçados de desaparecer, preocupam especialistas


EVANILDO DA SILVEIRA

Foto: Maria Gabriela Perotti
Depois de 360 milhões de anos vivendo muito bem na Terra, os anfíbios estão em perigo. Populações e espécies desse grupo de animais vêm escasseando, estão sob ameaça de extinção ou até mesmo desapareceram. Segundo a Avaliação Global de Anfíbios (Global Amphibian Assessment – GAA), que reúne pesquisadores do mundo todo, das cerca de 6 mil espécies conhecidas, nada menos que 2.469, ou 42% do total, estão com população em queda. Dessas, 1.856 (31% das 6 mil) estão ameaçadas em algum grau. No Brasil, há pelo menos 31 espécies em declínio e 26 correm o risco de desaparecer. Leia mais...

sexta-feira, 13 de março de 2009

Relógio biológico

De vez em quando faço alguns frilas para a Revista Pesquisa Fapesp. A matéria abaixo, publicada na edição de outubro de 2008, é um exemplo.

Engrenagens do tempo
Biólogos do Brasil e da Inglaterra detalham a composição
e o funcionamento do relógio biológico das plantas
Evanildo da Silveira

Foto: Eduardo Cesar
Em 1729 o astrônomo francês Jean Jacques d’Ortous de Mairan fez uma descoberta importante em biologia. Ao lado da luneta que usava para observar os astros, ele mantinha um vaso com a planta Mimosa pudica, a popular sensitiva ou dormideira, que fecha suas folhas miúdas quando alguém as toca. De Marian notou que nem sempre era preciso roçar suas folhas para que se recolhessem – à noite se fechavam naturalmente e voltavam a abrir-se quando o dia clareava. Por curiosidade, ele colocou a planta em baú fechado, que guardou em um porão escuro. Para sua surpresa, mesmo sem luz ela continuava a abrir e fechar suas folhas como se preservasse uma memória da duração do dia e da noite. Um século e meio mais tarde o botânico alemão Wilhelm Pfeffer concluiria que os movimentos da Mimosa pudica na escuridão constante tinham origem em um mecanismo interno da planta: o chamado relógio biológico, um conjunto de genes, proteínas e outras moléculas que regula o ritmo de fenômenos físicos e químicos – a exemplo do movimento das folhas, a abertura das flores ou a produção de açúcares (fotossíntese) – e os mantém em sincronia com mudanças no ambiente como a duração do dia ou a mudança das estações do ano.
Séculos depois dos primeiros experimentos, uma série de estudos recentes conduzidos na Universidade de Cambridge, na Inglaterra, com a participação de um pesquisador brasileiro, traz uma nova compreensão sobre o funcionamento e a composição do relógio biológico das plantas. Leia mais...