domingo, 30 de novembro de 2014

Matéria minha publicada na edição da revista Istoé (a aniga), de 10 de dezembro de 1986. Na verdade foi minha primeira viagem importante a trabalho e minha primeira reportagem de peso em um veículo de curculação nacional. Tenho um carinho especial por ela.

Tremor no sertão
Um dos maiores terremotos do pais
destrói a cidade de João Câmara
e deixa população em pânico
A madrugada do último domingo, 30, não foi das mais tranquilas para o lavrador Jovelino Silvino da Silva, 54 anos. Dono de uma casa de três cômodos, distante 5 quilômetros do município de João Câmara, Rio Grande do Norte, ele já estava quase esquecido do último tremor que balançou seu terreno, em agosto. No sábado teve um dia rotineiro, roçou a plantação de algodão, já seca, comida pelo bicudo. Limpou o tacho onde fazia farinha de mandioca e à tardinha tomou um café ralo com pão, com a mulher e sete dos dez filhos que moram com ele. Em seguida se acomodou com a mulher e os filhos menores no cômodo dos fundos para se preparar para o domingo. Às 3h22m foi acordado por um "estrondo", como ele chama o barulho do sismo. Os caibros do telhado começaram a cair junto com as telhas e os tijolos.
As crianças não tiveram tempo de fugir. Maria Odete, 10 anos, recebeu uma tijolada na cabeça, e Maria Aparecida, 14, ficou soterrada pelos escombros, mas só teve ferimentos leves. A precariedade da residência de seu Jovelino foi sua sorte. O tremor que abalou sua cidade, a 80 quilômetros da capital do Rio Grande do Norte, Natal, atingiu uma magnitude de 5,3 na escala Richter, dois pontos a menos que o terremoto que quase destruiu San Salvador recentemente. Quanto maior a quantidade de prédios, instalações elétricas e de gás, mais graves são os riscos no caso de terremotos. No caso de João Câmara, onde o prédio mais alto é a pequena igreja, não existem esses perigos. Mas os tremores constantes, mais de 4.200 desde agosto, não permitem que a população se sinta tranquila. Dez mil dos 18 mil moradores da cidade e da zona rural já abandonaram suas casas  para outros lugares menos sujeitos a abalos, como Natal e municípios vizinhos. Leia mais aqui, aqui, e acolá...

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